A realidade nua, crua e virtual!

A realidade nua, crua e virtual!


No primeiro período de faculdade, em 2007, eu tive um professor que disse algo logo na primeira aula, que até hoje eu não esqueço. Na época, pareceu piada e gerou desconforto na sala. Hoje eu vejo que é a mais pura realidade, nua, crua e virtual.

Ele disse o seguinte:

“Depois que vocês formarem, esqueçam tudo. Isso aqui não vai servir pra mais nada”

Acho que já comentei por aqui, como o nosso querido modelo atual de agência de propaganda está prestes a deixar de existir, certo? O problema é que eu não imaginava que isso fosse começar a acontecer de forma tão rápida como estamos acompanhando. Ou pelo menos tentando acompanhar.

O famoso modelo de remuneração por veiculação ou produção, por exemplo, pode estar de fato com os seus dias contados. O motivo? A publicidade e a propaganda como conhecemos, cheias de sacadas para as gloriosas campanhas estratégicas crossmedia, já não fazem mais sentido em um mundo onde quem dita as regras são os consumidores. Ué, mas isso não é novidade. Sempre foi assim. Não na minha opinião.

A massificação de qualquer argumento publicitário com o intuito de vender produtos ou serviços, oferecendo vantagens, descontos e condições mega especiais de pagamento não são inteligentes o suficiente para, pelo menos, conseguir convencer o consumidor que quer atenção, e não ao contrário. OK, o varejão ainda usa e abusa de estratégias daquele modelo vintage, como é mesmo que os professores chamavam? Ah!  O hardsell!  Esse modelo vai bem, obrigado. No entanto, se não for urgentemente repensado, vai acabar no limbo.

O novo varejo, daqui uns anos (meses?), vai incluir robôs te atendendo e te convencendo em comprar exatamente o que você gosta, no momento que você precisa, e isso tudo sem precisar de explosões e letreiros em 3D – em cores quentes – gerando terremotos na sua tela… da TV? Não. Por mais “smart” que a TV esteja se tornando, ela não vai ser meio que te entregará a mensagem “publicitária” propriamente dita. Vai ser em qualquer local em que você estiver conectado com seu smartphone, e esse sim é smart. Pra falar a verdade, futuro sem internet que acha uma boa ideia são apenas as operadoras de telefonia que, acredito eu, vão deixar de existir em breve.

O fato é que, pelo menos no Brasil, o nosso mercado ainda vai demorar um pouco para assimilar tanta informação. São muitas as barreiras burocráticas e nosso país, como sempre, não acompanha a inovação.

Infelizmente, por mais que muitas delas ainda se neguem a assumir, pequenas e médias empresas ainda são dirigidas por gestores e líderes conservadores.  Entenda o líderes conservadores como quiser, e que não estão tão entusiasmados com a inovação. Ou, pelo menos, se existe o entusiasmo, não estão pensando em quando e como usá-lo a favor de novos modelos de negócios.

É uma realidade complicada e que vai, muito em breve, engolir agências, anunciantes e profissionais. Mas isso não é motivo para um desespero. Profissões vem e vão para aqueles que não param de estudar. Profissionais que não entenderem que os atuais modelos de remuneração não podem viver de engajamento sem resultado comprovado em números, vão, aos poucos, sumindo do mercado.

Experiência e Performance são as palavras-chave da nova forma de se comunicar. A sacada e a criatividade que não trouxer resultado, não serve mais. Ponto. Não me entendam errado, eu não estou dizendo que a criatividade do profissional não é importante, mas se você não souber alinhar ambas as características, sim, você estará fadado a perder seu emprego e ter sérias dificuldades em recolocar-se no mercado.

Bigdata, realidade virtual, prototipagem e produtos, branding estratégico, realtime, UX e vários outros termos legais e pompos precisam começar a fazer parte da sua estante de livros. “Ah, mas meu cliente não vai investir nisso tão cedo”. OK, deixa que ele suma do mercado sozinho, você só precisa alertá-lo das possibilidades. Você só precisa convencê-lo sobre a importância de se começar a pensar não naquela venda que vai “só até amanhã” com desconto super-especial, mas onde ele quer estar daqui a 10 anos.

Não é tão simples, como citei várias vezes acima, falar de inovações, quando somos bombardeados, diariamente, com novidades, muitas delas as vezes fora do nosso alcance.

Se hoje você me perguntasse se eu me sindo confortável com a velocidade em que a tecnologia está ditando a nossa vida? Nem um pouco. Mas acho que sentir-se confortável quando se trabalha comunicação não é muito algo esperto de se fazer.

Para ser bem sincero com você, por mais que eu ame comunicação, tecnologia e todo essa realidade que parece surreal, assim como eram os Jetsons, e que eu esteja sempre lendo e estudando sobre as novidades do mercado da comunicação e tecnologia, eu ainda não sei se me agrada tanto, viver em um mundo de “zeros e uns”, onde em um belo dia, eu receba minhas compras enviadas por um drone, precise de um “táxi” sem motorista ou seja atendido por um robô que sabe mais da minha vida que meus próprios amigos.

A realidade não é só virtual; é insana.

Bom, vou ficando por aqui.

Grande abraço e até o próximo post.

Deixe um comentário