O que te diferencia da manada digital?
O texto que você vai ler a seguir será propositalmente exagerado, provocativo e, caso você faça parte da parcela sensível e saudosista que trabalha com Comunicação Digital, bastante incomodo.
O mercado da comunicação digital sofre de um dos sintomas mais arriscados e imaturos da sua época: a glamorização pela gestão curtoprazista.
Uma gestão que resolve um problema por dia e acumula vários para o futuro.
“O mundo mudou” é a nova muleta do perfil de profissional preguiçoso que procura solução rápida para tudo, independente do contexto estratégico em que esta solução possa se encontrar.
Uma extrema falta de visão estratégica nos três níveis básicos de um planejamento.
Mesmo quando a solução ainda não está clara e bem definida, o lance do perfil curtoprazista é aplicar.
Custe o que custar.
O problema, na minha opinião, é que, quando se trabalha com gestão de comunicação digital, o custo não sai do bolso de quem aplica.
Sai do bolso do cliente que contrata.
Agilidade é importante quando conectada com objetivos futuros
Não, não estou aqui para dizer que a agilidade na operação diária não deva ser priorizada em projetos de comunicação e marketing digital. Muito ao contrário disso; são tempos incríveis para se botar a mão na massa, errar, ajustar, errar novamente e ajustar com mais agilidade.
O bom gestor de estratégia digital precisa saber lidar com ajustes contínuos, é normal. Mas projetar riscos para evitá-los também faz parte.
O que peço atenção de você aqui, caro leitor, e atenção especial aos profissionais de envolvidos na camada “mídia social” da marca é não deixar essa maneira de pensar curtoprazita ser prioridade em todos os casos.
Ou, como muitos gostam de chamar, não deixar o seu mindset trabalhar apenas com foco na operação a curto prazo.
Planejamento é sobre tomar decisão. E isso está quase virando o meu mantra favorito na profissão.
Planejamento Estratégico é sobre tomar decisão e correr riscos contínuos.
No entanto, quando tudo se resume a ações operacionais curtoprazistas, os riscos podem assumir uma característica imatura da parte do gestor e transformar boas ações tática em grandes problemas para o futuro da imagem de uma marca.
Não se constrói marca a curto prazo.
Se você que contrata está realmente preocupado com a sobrevivência da sua empresa no ambiente online, vai precisar abrir mão de algumas oportunidades a curto prazo para investir no longo prazo.
Uma gestão apenas a curto prazo pode ser um caminho desastroso e custar caro no futuro.
A teoria da bala mágica não cabe mais nos dias de hoje
Embora alguns segmentos ainda possam arriscar uma comunicação pauta na teoria da “bala mágica”, não é o ideal. Não mesmo.
Já passamos dá época do: “compre-batom, compre batom”, para que a sua marca ignore o fato de que em um ambiente de relações efêmeras, será lembrada a marca que conseguir manter o equilíbrio entre velocidade e direção.
Entre estratégia, tática e operação.
Processos ágeis, só se tornam efetivamente ágeis quando se tem experiência de mercado para dizer o que é descartável ou não na hora de transformá-lo em um método realmente eficaz na busca dos três principais objetivos em um planejamento estratégico; curto, médio e longo prazo.
Leia muito sobre novas metodologias, mas não se apaixone por elas.
Não se deixei enganar; a maioria dos processos ágeis de hoje em dia são ramificações ou adaptações de metodologias desenvolvidas por grandes estrategistas da comunicação. Aqueles que o pessoal gosta de matar de tempos em tempos.
Simplifique quando tiver segurança e quando contexto permitir.
Boa parte dos dos profissionais de comunicação digital, em especial os que lidam com táticas de conteúdo nas mídias sociais está nadando no raso e comemorando por não afogar.
Se você se incomodou com o que acabou de ler e já projetou inúmeros julgamentos ao meu respeito, obrigado, pode ser que eu tenha conseguido chegar onde queria; fazer você pensar um pouco sobre a manutenção do seu desenvolvimento profissional e como isso vai impactar na entrega do seus resultados para os seus clientes.
Anote esta frase:
Não se constrói o futuro sem estudar o passado. E para estudar o passado não existe atalho. Tem que ter disciplina. Não pode ter medo de encarar discursos densos e teorias complexas.
Para se chegar no simples é preciso, antes, complicar.
Em 12 anos de estrada, posso contar nos dedos quantos cursos eu já fiz que realmente valeram a pena.
No entanto não saberia te dizer os meus livros favoritos.
OK, chegou a hora do tiozão saudosista dos livros. Sim, os defendo com unhas e dentes pois tudo que já foi escrito sobre comunicação e marketing está sendo mastigado e cuspido hoje em dia – no bom sentido – como novidade atualmente. Isso é ótimo, mas é a tal da camada rasa que eu citei em alguns parágrafos acima.
Não preciso ir muito longe – mas vou – para exemplificar.
Certamente você já deve ter ouvido falar sobre a metodologia AIDA.
Mas já parou pra investigar sua origem?
O famoso AIDA teve sua primeira aparição em 1924 – repito: 1924 -, quando foi citada no livro “Theories of Selling”.
Elias St. Elmo Lewis é reconhecido como o criador da teoria por um artigo escrito em 1898. Não é tão recente, certo?
E ainda mais interessante é que na teoria inicial, o A não era necessariamente o A de chamar Atenção.
Inclusive, gravei uma série de vídeos no meu canal no Youtube, que aborda não só sobre o AIDA, mas sobre a desconstrução e evolução do método.
Pois é, na mesma época o AIDA teve a sua primeira relação sinérgica direta feita ao funil de marketing, o famoso funil que a gente já tá saturado de ver por ai. É, ele é um modelo bem útil, mas “forjado” para ser usado em estratégias de marketing tradicional.
Em estratégias de comunicação de massa.
Em outras palavras, antigão mesmo. Amigo do marketing interruptivo e conhecido das estratégias de vendas varejistas que explodem preços, prazos, promoções na tela, finalizando a comunicação com o logo esmagando tudo.
O comportamento do ser humano modela metodologias sem perder a sua aplicação
Obviamente, por não ser algo nada novo, o AIDA sofreu várias alterações e adaptações. No entanto, ainda responde por um arquétipo comportamental de consumo tradicional.
Neste caso, a única ressalva que gostaria de deixar por aqui é; consumo é comportamento, logo, quando você se prende a um único arquétipo, assume uma característica estratégica engessada e sem possibilidades de revisões mais detalhadas.
E em planejamentos feitos para o ambiente digital, uma das poucas certezas que eu tenho é que revisões serão necessárias a todo momento.
O ambiente se modela de acordo com o comportamento, acho que isso resume bem.
Bom, o exemplo do AIDA foi apenas um exemplo para mostrar que, quando você se dá ao trabalho de investigar e se aprofundar, você consegue se diferenciar por meio do conhecimento, ganha maturidade profissional para tomar melhores decisões, sabendo quando e como realizar boas estratégias, independente do ambiente em que a comunicação do seu cliente está ativa.
Afinal de contas, um segundo mantra que gosto bastante é: tudo é comunicação.
Seja ágil, não seja preguiçoso.
Caso você tenha concordado com a afirmação inicial, já perdia em algum parágrafo acima: cuidado! Comunicação não é uma ciência exata.
Fica aqui um questionamento: se você é um profissional que não está nadando no raso, o que tem feito pra se aprofundar, se desenvolver e criar uma posição de diferença perante a sua concorrência?
Qual é o seu diferencial competitivo? Como você pretende se manter no atuando nos próximos 5 anos?
Estas são perguntas que eu me faço todos os dias. E é exatamente este o motivo e ponto provocativo que disse que teria no texto.
Depois de quase 12 anos atuando no mercado da comunicação e do marketing, percebi que a maior vantagem desse mercado é que ele está saturado.
Saturado de gente fazendo a mesma coisa. Entregando os mesmos argumentos. Usando os mesmos jargões. Sofrendo dos mesmos sintomas.
Competindo em pequenas bolhas flutuantes que se encontram no meio do caminho, se esbarram, mas não se diferenciam. Apenas se juntam.
Repito a pergunta: o que você tem feito para se diferenciar?
Não vale dizer que seu foco é no resultado, até porque isso é umas coisas mais estranhas que eu já li – e provavelmente já usei como argumento.
Hoje em dia, sempre que vejo alguém dizer isso, me vem na mente, imediatamente: ainda bem, né? Imagina que louco que seria uma empresa de comunicação e marketing que não tivesse foco no resultado.
Dica final e mais importante de todas: se você quer se manter no mercado, conseguir clientes que te respeitem e, principalmente, ter diferencial competitivo estratégico entenda de negócios, não de plataformas.
Entenda de comunicação, não de posts.
Entenda de distribuição de mídia, não apenas de alcance orgânico. Isso é o raso e não vai te diferenciar.
Apertar botão o seu cliente sabe e cada vez mais será mais fácil para que a operação seja feita por ele.
E isso é ótimo, pois só vai sobreviver no mercado da comunicação digital quem entender que, por mais que existam soluções que agilizam o nosso dia a dia, estamos muito longe de ter a nossa capacidade criativa e inteligência estratégica substituídas.
E esta é a moeda de ouro do século no mercado da comunicação.
A inteligência digital, por si só, já diz o que é: artificial.
Se você leu até aqui, obrigado e desculpa.